quarta-feira, 10 de março de 2010

Vítima diz que concessionária sabia de defeito em carro da Fiat


"Justiça foi feita", comemorou o técnico de informática Márcio Gomes de Menezes, 41, ao saber, ontem, do parecer da Justiça que obrigou a Fiat a fazer o recall do Stilo. Ele diz que foi um dos 49 motoristas que alegaram ter sofrido acidentes por conta de problemas no eixo traseiro do carro.

No acidente envolvendo o carro de Menezes, em setembro de 2007, próximo a Sete Lagoas (MG), uma jovem, que estava no veículo, morreu. Pelo menos outras sete mortes podem estar relacionadas aos acidentes envolvendo o modelo, que figura entre os 40 mais vendidos do mercado.

Entre elas a de uma garota de 18 anos, que seguia no carro de Túlio Tonini de Oliveira, 22. O acidente ocorreu em fevereiro de 2009, na rodovia Washington Luís. Ele e mais duas pessoas se feriram gravemente.

"O carro tinha acabado de sair da revisão. A soltura da roda parecia inexplicável, até um conhecido nos relatar os outros casos", conta Ilmeida Helena Tonini de Oliveira, mãe do rapaz, que chegou a responder por homicídio culposo (sem intenção de matar).

Segundo a guia de turismo Carla de Morais Barbosa, 41, de Brasília, uma pessoa viu a roda do carro se desprender na BR-242, em Seabra (BA), em linha reta, em 2008. Pedestres encontraram a roda "a vários metros do local do acidente".

"Lembro-me do meu marido, tentando controlar o veículo, gritando: "Segurem-se que vamos capotar!'", narra ela. "Uma das minhas filhas, de nove anos, sofreu traumatismo craniano." A menina já se recuperou.

Já o professor Éden Mark de Souza, 34, também do DF, conta que, em 2007, perdeu o controle do seu Stilo na BR-251. "O carro começou a tremer, rodou e capotou. Como sequela, fiquei sem parte da audição."

Em março de 2008, quando o caso foi relatado pela Folha, a Fiat, que retirou peças do carro de Souza para análise, informou que a roda caiu por "esforço excessivo no eixo traseiro direito". Souza nega que estivesse em alta velocidade ou com o carro carregado.

Contratado por Barbosa e Souza, o perito João Valentim Bin emitiu, na época, um laudo técnico favorável às vítimas, alegando que, nos dois casos, a causa do acidente foi o desprendimento de uma das rodas traseiras. O engenheiro tomou como base boletins de ocorrência, declarações de envolvidos e testemunhas, além de inspeção visual.

Outra vítima, o empresário Elson da Silva, 42, diz ter ficado "abismado" quando relatou o seu acidente para um técnico da concessionária Fiat. "O mecânico sabia que era um defeito de fábrica e ainda queria cobrar R$ 9.970 pelo conserto."

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